Projetos

mentira também é caminho

Raphael Medeiros


Centro Cultural Correios - Rio de Janeiro • 16/10 a 30/11/24

Luzes, sim. Sem câmeras, ok. E, correto, temos de concordar: há um tanto de ação, aqui, a espalhar-se pelo espaço expositivo. Em sua primeira exposição individual em uma instituição, Raphael Medeiros (1988), ocupa duas das salas expositivas do Centro Cultural Correios, no Centro do Rio de Janeiro, de modo tanto a nos permitir uma generosa […]

Luzes, sim. Sem câmeras, ok. E, correto, temos de concordar: há um tanto de ação, aqui, a espalhar-se pelo espaço expositivo. Em sua primeira exposição individual em uma instituição, Raphael Medeiros (1988), ocupa duas das salas expositivas do Centro Cultural Correios, no Centro do Rio de Janeiro, de modo tanto a nos permitir uma generosa mirada em sua produção artística, realizada nos últimos anos, até aqui; quanto também nos vislumbrar – mirando por entre as frestas ou pela translucidez de seus tecidos diversos, por exemplo – uma considerável parte de sua produção atual, aqui reunida.

É preciso dizer, de antemão, que Medeiros é um artista oriundo do campo do audiovisual, do cinema. Ainda que não seja necessário nos atermos a fronteiras que pouco conectam e tolamente separam, de fato, vertentes artísticas muitas vezes fronteiriças, interseccionadas, fato é que o artista descobriu suas vocações e aspirações do lado de trás das câmeras, nos sets de filmagem e afins, onde desempenhou distintas funções, por anos a fio.

É deste universo que Medeiros foi, pouco a pouco, transportando a sua visão como, por exemplo, diretor de fotografia, para lançar olhares talvez menos abstratos do que a imagem que se forma dentro de uma lente cinematográfica. Inspirado ainda, naturalmente, não apenas pela estética do cinema – aqui onipresente em materiais como rebatedores e difusores de luz, objetos de ferro de distintos tamanhos e formas que ganham contornos escultóricos insuspeitos – como pelas possibilidades de linguagem dele.

Portanto, desde sua primeira exposição, Medeiros, como um artista com uma câmera na cabeça (ou, ao menos, com uma caneta nas mãos para rascunhar um trecho de um possível roteiro), parte de fatos de sua própria vida, em um episódio deveras marcante para o próprio e para a sua família e entes próximos, datado de sua mais tenra infância, de quando, naturalmente, não possui memória alguma, capaz de fazê-lo lembrar.

O fatídico episódio, envolvendo um assassinato, o poder das milícias em territórios socialmente mais vulneráveis (no caso de Medeiros, na cidade de São Gonçalo, no estado do Rio), são todos indícios ora mais aparentes, ora mais opacos, ao passo em que o próprio artista elege a segunda sala expositiva como o território próprio de ser ocupado pela sua primeira série de trabalhos.

Orbitando em torno deste episódio pessoal – através de indícios, vestígios, trechos de depoimentos coletados em fontes judiciais pelo próprio – Medeiros concebe uma espécie de “obra-de-arte-total” (a chamada gesamtkunstwerk, referenciando o famoso termo alemão), em que embebe suas obras de tintas, cores e formas reminiscentes de um passado-presente atribulado, tão vermelho-sangue quanto branco-vazio da memória, junto de inúmeros tons intermediários que auxiliam a conectar os fios soltos de uma cena tão emblemática quanto de efeitos e calibres cinematográficos.

É na primeira sala, no caminho inverso dentro do processo do artista, onde encontram- se os trabalhos mais recentes, onde podemos ver uma prática em constante evolução, não obstante a esbarrar-se com os obstáculos e com os pequenos milagres acontecidos na labuta diária do ateliê do artista. Se, de certo modo, o quase-roteiro, mezzo verídico, mezzo pertencente à imaginação (do próprio artista e de outros tantos agentes involucrados na narrativa pessoal de Medeiros), evoca os limites em que ficção e verdade bailam em uma corda bamba, são também nos trabalhos de Raphael onde conseguimos, também, nos desprendermos de qualquer lastro narrativo.

Ou, melhor e além, superá-lo, ultrapassá-lo, transmutá-lo: suas obras nos convidam a um instante que se passa, de fato, no tempo do aqui e do agora; usualmente são trabalhos que estão a capturar nossos reflexos, a hipnotizar nossas retinas, a ludibriar nossos sentidos em luz, cores e em ação. Nesse espaço expositivo, no entanto, diferentemente de um set de filmagem, a ação está a ser ditada bilateralmente – muitas vezes em silêncio consensual, passivo ou telepático. As obras agem, nós agimos, as histórias permanecem, as histórias fogem, as histórias também se apagam. Da posição, novamente, do início. Mais luzes, sem câmeras, ainda mais em ação.

Victor Gorgulho

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12

Manuela Costa Lima


Nonada ZN • 14/09/24 a 25/01/25

A Nonada apresenta 12, obra site-specific de Manu Costa Lima, realizada em parceria com a galeria Quadra, no Galpão da Nonada ZN. A artista parte da pesquisa que desenvolve ao longo de sua carreira, na qual a luz estabelece um diálogo com a arquitetura, o entorno urbano, o espaço e a relação entre o interior […]

A Nonada apresenta 12, obra site-specific de Manu Costa Lima, realizada em parceria com a galeria Quadra, no Galpão da Nonada ZN.

A artista parte da pesquisa que desenvolve ao longo de sua carreira, na qual a luz estabelece um diálogo com a arquitetura, o entorno urbano, o espaço e a relação entre o interior e o exterior.

Em “12” a artista guia pontos de luz por todo o terreno da fábrica e parte do galpão, até que eles convergem no centro do espaço, criando um percurso que revela e integra a arquitetura e o ambiente ao redor.

Segundo a artista, "12 é uma celebração da vida da vida, da luz. É um convite a uma escuta atenta do lugar, a um caminhar pelos arredores do galpão e uma descoberta da beleza sagrada que existe no cotidiano."

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Retrato de um espaço tempo

Samara Paiva


Casa do Benin - Salvador • 06/07 a 28/09/24

Liberdade, independência e emancipação. Existe uma sutileza, quase um segredo, entre pessoas negras. Em especial, entre nós mulheres negras. Quando somos as únicas em alguns espaços e nossos olhares se encontram, sorrimos umas para as outras. Não sei se acontece em todo encontro, em toda situação, mas algo que vivo e experimento com frequência. Por […]

Liberdade, independência e emancipação.

Existe uma sutileza, quase um segredo, entre pessoas negras. Em especial, entre nós mulheres negras. Quando somos as únicas em alguns espaços e nossos olhares se encontram, sorrimos umas para as outras. Não sei se acontece em todo encontro, em toda situação, mas algo que vivo e experimento com frequência. Por vezes essa cumplicidade chega como sorriso, mas também se apresenta com outras expressões silenciosas de ternura e reconhecença.

Os tons avermelhados e as cores dessaturadas da pintura de Samara Paiva provocam uma atmosfera de identificação e uma relação de cuidado com o observador. Cada tela, mesmo as menos figurativas, se revelam aos poucos, com gestos calmos e delicados. O olhar percorre a superfície pictórica com a leveza de uma troca de olhares em segredo. Percebemos onde a tinta e o pincel percorreram, formando caminho, textura, pele, tecido e tempo. Um tempo outro, onde toca uma música lenta, onde não se corre de uma tarefa a outra, onde existir e estar ali, presente, respirando e sentindo é mais importante do que as horas do dia. O tempo é de liberdade.

Assim, a pintura não é somente uma lista de itens a ser preenchida, uma descoberta fruto da casualidade onde as cores se reúnem de maneira aleatória, ou ao ritmo de um sistema mercado. Pintura é uma ação política, que acontece de maneira a dar forma e visibilidade a questões de fé, beleza, desejo, invenção e exorcismos de antigas-presentes maneiras de visualidade. June Jordan escreve sobre o quanto a poesia significa tomar o controle da linguagem da própria vida. Nesses termos, a pintura como a de Samara Paiva, é uma retomada e recriação da linguagem que descreve nossas vidas, seus pequenos detalhes, ou o que poderiam ser. Um bom retrato, como uma boa poesia, pode ser reconhecido como um gesto de carinho, leveza e afeto. Quanto mais cotidiana, quanto mais ordinária e simples a tarefa, como lavar o rosto ao acordar, mais lindamente esse gesto pictórico, quase abstrato, resgata a visão de uma vida de beleza e cuidado que também é nossa.

Finalizo a escrita desse texto crítico me imaginando, como muitas vezes já fiz, em uma dessas pinturas. Ouvindo Sade, lendo Toni Morrison e percebendo, cada dia mais, a beleza como método.

Lorraine Mendes

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Spacemen / Cavemen

Chelpa Ferro


Nonada ZN • 16/03 a 18/05/24

A Nonada tem o orgulho de sediar a ativação da performance Spacemen/Cavemen em colaboração com a Galeria Vermelho. O evento acontecerá na Nonada ZN, no espaço Penha da galeria. O programa da Nonada em quatro locais no Brasil reflete uma preocupação em destacar vozes marginalizadas e não convencionais. Impulsionado pelo desejo de catalisar o diálogo […]

A Nonada tem o orgulho de sediar a ativação da performance Spacemen/Cavemen em colaboração com a Galeria Vermelho. O evento acontecerá na Nonada ZN, no espaço Penha da galeria.

O programa da Nonada em quatro locais no Brasil reflete uma preocupação em destacar vozes marginalizadas e não convencionais. Impulsionado pelo desejo de catalisar o diálogo através da exposição, sua proposta não se esquiva de questões políticas, identitárias ou de gênero atuais. Sua localização na "Zona Norte", no bairro da Penha, visa especificamente a democratização da arte, levando seu programa para as periferias dos circuitos tradicionais de arte na cidade.

O coletivo Chelpa Ferro foi criado em 1995 pelo artista Luiz Zerbini, pelo escultor Barrão e pelo editor de cinema Sergio Mekler. Este empreendimento multimídia foi fundado no estabelecimento de conexões entre artes visuais, música eletrônica, vídeo, performance, exposição e instalação. Seu trabalho é baseado na criação de circuitos que transcendem disciplinas, abrangendo tanto o tempo quanto o local. Para isso, eles frequentemente reciclam máquinas e objetos obsoletos para provocar experiências extrasensoriais no espectador. Uma mistura de diversos componentes resulta em redes audiovisuais complexas que exploram a plasticidade do som.

Intitulado "Spacemen/Cavemen", o trabalho já anuncia uma conjunção entre fatores díspares. Neste caso, a evocação do passado e do futuro se opõe nesta iteração única da performance. Referências aos perigos do consumismo em massa são acompanhadas por uma sensação de mal-estar pós-apocalíptico, coalescendo em uma imersão multi- sensorial para o espectador.

Nesta última reativação, a instalação habitará o espaço único que é a Nonada ZN, anteriormente uma fábrica de roupas abandonada. Este diálogo adicionará mais uma camada ao trabalho - ele mesmo baseado em ideias de salvamento e ressignificação. Enquanto Chelpa Ferro recupera e recicla objetos descartados em arte, o projeto Nonada ressignifica e recupera uma fábrica em um vasto centro cultural. Além disso, a performance estará cercada por obras da exposição Caos Primordial, com curadoria de Carolina Carreteiro. Dessa forma, um diálogo entre artistas contemporâneos da galeria e o renomado coletivo estimulará a criação de novas associações através do tempo e do espaço.

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Costura Íntima

Adrianna Eu


Assistentes: Adriana Xerez, Renata Rago Frignani, William Reis e Wagner Freitas
Identidade Visual: Fernando Costa
Filmagem e Edição: Marcela Akaoui e Victoria Kompier
Apoio Cultural: Marilan
Realização: Danielian Galeria

Assistentes: Adriana Xerez, Renata Rago Frignani, William Reis e Wagner Freitas
Identidade Visual: Fernando Costa
Filmagem e Edição: Marcela Akaoui e Victoria Kompier
Apoio Cultural: Marilan
Realização: Danielian Galeria

Nonada ZN • 09/12/23 a 10/08/24

Caro leitor, este texto não precisa ser lido agora. Não é introdutório e nem fundamental para que você possa ver o que está adiante. Se quiser, dobre-o, guarde e leia depois, trazendo da memória o que for necessário. Tudo será suficiente para quando este momento acontecer. Agora, depois que os vazios já ocuparam os espaços […]

Caro leitor, este texto não precisa ser lido agora. Não é introdutório e nem fundamental para que você possa ver o que está adiante. Se quiser, dobre-o, guarde e leia depois, trazendo da memória o que for necessário. Tudo será suficiente para quando este momento acontecer.

Agora, depois que os vazios já ocuparam os espaços e que os ecos ficaram mais distantes, podemos enfim falar de Adrianna Eu e do seu trabalho criado para a Fábrica. Usar a memória dos afetos e dos encontros parece o recurso mais honesto para poder escrever esse texto. Adrianna vem há vários anos desenvolvendo pesquisas que partem desta prática e que falam de questões que por serem tão profundas nos conectam. Do âmago à comunhão, suas obras nos revelam o avesso. As lembranças são caminhos pelo sensível que alinhava a nossa história.

Este projeto, criado especialmente para a Fábrica, promove um encontro de Adrianna com uma realidade que faz parte não só do seu vocabulário estético, mas também de uma atmosfera de criação que utiliza a costura como porta de entrada para um universo poético e metafórico. Ao ocupar o andar da costura da antiga fábrica Marilan, que funcionou por mais de 40 anos produzindo roupas íntimas e de praia, a artista entra no coração deste corpo fabril. Neste local, ação de costurar foi realizada por milhares de profissionais, em sua maioria mulheres, que ganhavam naquelas bancadas o sustento de suas famílias. Através da manipulação de tecidos, cortes, moldes, linhas, elásticos e rendas, as peças eram o resultado de um processo feito por dezenas de mãos. O tal coração, tão representativo na obra de Adrianna Eu, aqui se projeta como espaço, feito de ferro e de concreto, que ainda pulsa o barulho frenético de máquinas que não costuram mais.

Essa sensação de suspensão, do instante parado no tempo, que um andar desativado de uma fábrica produz, se manifesta através de agulha dourada de duas cabeças que mede a exata altura de Adrianna Eu: 1,64.  Pousado sobre o chão e ocupando o ponto de fuga da instalação, este objeto parece captar o momento do desvio, da pausa na produtividade, do acaso e do instante em que a engrenagem para e a vida se mostra. Suas dimensões nos orientam que tanto no nome como na obra, o Eu é a medida. Seu formato, bifurcado, sugere ao mesmo tempo a separação e o encontro, vias de uma mesma estrada, pulsões de uma necessidade humana de se relacionar. Amor e Gratidão: tudo parte de dentro para fora e volta, de fora para dentro, como a agulha que costura o invisível.

No mar de máquinas, as linhas da vida se embolam. Um erro se junta a tantos outros erros que formam uma teia que re-une: somos todos iguais. Esse encontro, é o momento espiritual em que o Eu se torna consciência. É a chave da existência. Ao ouvir essas vozes que ainda conversam, essas presenças que ainda ocupam o espaço, Adrianna abre o peito deste corpo e mostra suas artérias que vibram o sangue vermelho da vida. São como tecidos esgarçados e desfiados pelo movimento natural da vida, sujeitos a reparos, suturas e emendas. Afinal, quem não tem cicatrizes?

Adrianna afirma:  Eu costuro para dentro. De maneira sensível e consciente, a emoção orienta a sua produção e resgata o sentido ancestral desta palavra: ex movere, mover-se para fora. No desafio prático de ser artista, este Eu é o espelho onde tanto Adrianna como nós podemos nos ver. Ao nos conectar através de sentimentos tão intensos, suas obras se tornam universais e capazes de apontar um caminho contemporâneo onde afeto é o amálgama das nossas relações sociais.

Quanto a mim, suas obras parecem ouvir os meus sussurros. Do “Coração puro” à esta instalação, sinto como se tudo saísse do meu peito, explodindo e pulsando quase sempre sem medida. Suas obras fazem isso, parecem puxar de nós, por um fio sutil e delicado, aquilo que temos de mais íntimo, nos unindo entre forças e fragilidades.  

Para este espaço, “Costura Íntima” revela as vísceras daquilo que há de mais profundo. Ao se transformar numa Fábrica de arte, a antiga Marilan abre também seu peito para o novo, reunindo afetos, esperanças e sonhos de um mundo onde possamos ser cada vez mais íntimos, mais unidos, mais sinceros, mais Eu.

Rafael Fortes Peixoto

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Corpo-gesto


Adrianna eu • Agrade Camiz • Ana Clara Tito • Anna Bella Geiger • Ayla Tavares • Brígida Baltar • Carla Chaim • Darks Miranda • Iah Bahia • Iole de Freitas • Mestre Irinéia • Letícia Parente • Lia Chaia • Lyz Parayzo • Marcia Thompson • Nazareth Pacheco • Niura Bellavinha • Rose Afefé • Val Souza

Adrianna eu • Agrade Camiz • Ana Clara Tito • Anna Bella Geiger • Ayla Tavares • Brígida Baltar • Carla Chaim • Darks Miranda • Iah Bahia • Iole de Freitas • Mestre Irinéia • Letícia Parente • Lia Chaia • Lyz Parayzo • Marcia Thompson • Nazareth Pacheco • Niura Bellavinha • Rose Afefé • Val Souza

Nonada ZN • 09/12/23 a 17/02/24

CORPO-GESTO foi concebido a partir do debate sobre a intenção do corpo perante o gesto: um gesto emocional, um gesto intencional, um gesto reativo, uma marca de identidade ou até mesmo a prevenção do gesto. Foi do pensamento dessa pluralidade de resultados através do gesto que curadoria se estabeleceu, e que conta com uma diversidade […]

CORPO-GESTO foi concebido a partir do debate sobre a intenção do corpo perante o gesto: um gesto emocional, um gesto intencional, um gesto reativo, uma marca de identidade ou até mesmo a prevenção do gesto. Foi do pensamento dessa pluralidade de resultados através do gesto que curadoria se estabeleceu, e que conta com uma diversidade de obras que abarcam tanto expressões corporais como resultados obtidos através dos movimentos do corpo.

Ao considerarmos a gesticulação como uma expressão ou tentativa do corpo humano de restabelecer a normalidade, propomos uma curadoria exclusiva de artistas mulheres ou não binárias para abordar esse tema. Os trabalhos apresentados traduzem suas vivências com e por meio de seus corpos, explorando as relações com os movimentos corporais.

As imagens dos corpos das artistas estão presentes em algumas das obras, destacando a proposta curatorial de maneira mais evidente. Por exemplo, Letícia Parente, através de seu filme desenvolvido a partir de imagens fotográficas, gesticula pés e mãos e pede por "ora pro nobis [ore por nós]", colocando o corpo como sagrado ou buscando intercessão divina para sua proteção. Darks Miranda, entretanto, realiza uma pose que nos remete a um gesto obsceno enquanto desfruta de um mamão, desafiando a objetificação das personagens "mulher-fruta " e encontrando prazer em si mesma.

Para a participação de Anna Bella Geiger, sugerimos um de seus trabalhos mais emblemáticos, no qual a artista critica uma identidade nacional simulada em cartões postais do Brasil. Ao repetir gestuais indígenas nesses cartões, Geiger expõe não apenas a exotização das imagens, mas ironicamente apresenta abismo entre a representação estereotipada e romantizada dessas imagens e a dura realidade da violência sofrida pelos povos originários por parte do Estado. Além dessa obra, duas outras fotografias suas estão presentes na mostra, nas quais vemos o delinear de uma escavação em formato de corpo na terra, parecendo uma cena ritualística. Podemos abordar a obra através de dois caminhos: imaginamos a presença da artista como sujeito desse processo ritual assim como a pessoa por trás das mãos que escavam as marcas.

Carla Chaim e Niura Bellavinha incorporam em seus trabalhos os rastros de presença das artistas. A marca do pincel de Bellavinha e da mão de Chaim na obra intitulada "Tapas" enfatizam os movimentos das artistas, revelando o corpo como o feitor de marcas: são gestos expressivos que demarcam a performatividade das artistas. A presença e gesto funcionam também como ação do tempo sobre o ato de pintar. As obras de Márcia Thompson enaltecem esse diálogo considerando ações opostas: a obra, o material não se contém. A tinta à óleo esbanja domínio, fazendo com que a própria artista perca o controle. A tinta que demora a secar, de repente enclausurada dentro de uma caixa de acrílico vai demorar ainda mais para enrijecer e com isso vai sujando as paredes outrora limpas da sua contenção. A falta de controle permite o gesto, a marca e o corpo da obra de desenvolverem livremente, crescendo para dentro do espaço de forma desmedida.

Lia Chaia apresenta duas fotos de telas de proteção com tramas cortadas à la Fontana, expondo mais nitidamente o que está por trás. O gesto de corte permite o ofuscamento dos planos, do primeiro plano (tela) ao pano de fundo (espaço, ou jardim), do que é obra de arte com o que é vida. Considerando a execução da obra em impressão fotográfica, os planos são um único, produzindo uma manipulação imagética que na verdade abre espaço para para a transposição de outros lugares, como as florestas e jardins por detrás dos controlados painéis.

Muitas obras escultóricas transferem a imagem dos gestos para a corporalidade material, conferindo realidade aos fragmentos e vestígios do corpo. As artistas Ayla Tavares e Mestre Irinéia investigam marcas de mãos e traços minuciosos. Tavares desenvolve candelabros de cabeça para baixo e de formas tortuosas, perturbando a lógica prática do objeto. Na montagem das esculturas percebemos os desenhos feitos pela artista nas superfícies que ficam escondidas como apoio das peças superiores, um gesto de cuidado e afeto com o que é interior, com a obra e com quem a maneja. Ambas artistas consagram o passado, a natureza e o natural. Irinéia, pisoteia, amassa e molda o barro de maneira bem artesanal, suas esculturas são lembranças de uma vivência local de sua comunidade, a árvore apresentada na mostra relembra uma enchente na qual ela e suas irmãs passaram a noite em cima de uma jaqueira esperando a água baixar.

A escultura de Iole de Freitas é composta por placas de policarbonato translúcido e uma grande lança em rosca que conectam as três placas avulsas. As formas de policarbonato ganham movimentos sob as mãos da artista, se contorcendo ou se movimentando de forma inusitada e até mesmo improvável. Como em um alongamento ou uma dança, notamos a tensão de cada pose que mantém equilíbrio, força e leveza. A escultura de Iah Bahia é feita com papel de modelagem de roupas, moldados através de si, fazendo com que o próprio papel - material leve que corre risco de amassar ou rasgar - encorpe.

Tanto Ana Clara Tito como Brígida Baltar exploram em suas obras o paradoxo entre refúgio e detenção. A escultura "Usos da raiva" de Tito é manufaturada a partir do corpo da artista, que, através da força corporal, molda vergalhões ao seu redor, podendo ser um objeto de proteção ou de aprisionamento, proporcionando uma reflexão sobre os limites e as defesas que permeiam a condição humana. Baltar remete a ideia de proteção, da construção de abrigo, ao usar tijolos para erguer uma parede em volta de si. A partir de uma série de registros de uma ação, observamos a artista estruturando uma torre circular que acaba a enclausurando em vez de a abrigar.

As marcas de ferrugem de grades metálicas com estilos rebuscados são impressas na tela de Agrade Camiz. Deixa-se acontecer, permitindo com que o tempo tome conta do transcurso e não apenas a intenção, a marca deixada pode ser uma analogia à cicatriz, como certifica o nome do trabalho, e também ao processo de abrir mão da nossa capacidade de aguentar, aceitando os vestígios como parte da vivência. A pintura de Rose Afefé também cruza paralelos com temporalidade. Carregada de nostalgia, nos suscita o desejo quase incontrolável de nos relacionarmos com ele, induzindo a imaginação do movimento manual de abrir ou fechar a tramela. O que é aberto ou fechado? O que é exposto ou coberto? São dúvidas que surgem mas que são respondidas a partir do afeto de cada um.

Já Lyz Parayzo, por meio de seu móbile, sugere um contra-gesto: um objeto lúdico que, na verdade, desencadeia lesões e cortes na pele, representando um contra-ataque a quem se arrisca a interagir com a obra. O trabalho resulta de gestos de corpos que se defendem e, por isso, atacam. Os trabalhos de Nazaré Pacheco, quase como premonição de um intervir com Parayzo, são causa e consequência: a imagem das gotas de sangue é o resultado de um pequeno manuseio impreciso das giletes e bisturis tão presentes na pesquisa e na vida da artista, fruto da execução de uma obra anti-toque.

Adrianna eu expõe uma singela obra: uma escova de prata que, no lugar de seus dentes, encontram-se fios de prata. Para além de um contra-gesto, a impossibilidade do gesto se apresenta no impedimento total de utilizar a escova de forma usual, que atrapalha e faria emaranhar os fios metálicos com os da cabeça. A obra, afinal, carrega o título "As inúteis".

Val Souza constrói um encontro com o espectador. Ao utilizar de espelhos, a obra só pode ser completa a partir do reflexo de quem a encara e do ambiente à sua volta. Porém, esse espelho é repartido e fragmentado em semicírculos que nunca se completam, dificultando as costumeiras práticas gestuais de acontecerem.

Gabriela Davies e Maíra Marques

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Nada Mais Disse

Raphael Medeiros


Nonada ZN • 09/12/23 a 17/02/24

“Nada mais disse” é um filme que ganha forma na primeira exposição individual de Raphael Medeiros, que acontece no Galpão da Nonada ZN. Medeiros entrega um trabalho híbrido que borra as definições convencionais de um filme. E nessa instalação cinematográfica composta por pinturas, esculturas e um roteiro, o artista faz anotações sobre a linguagem do […]

“Nada mais disse” é um filme que ganha forma na primeira exposição individual de Raphael Medeiros, que acontece no Galpão da Nonada ZN.

Medeiros entrega um trabalho híbrido que borra as definições convencionais de um filme. E nessa instalação cinematográfica composta por pinturas, esculturas e um roteiro, o artista faz anotações sobre a linguagem do cinema para além da moldura do plano. E para visitar esse set de filmagem é indicado que o espectador venha quando o sol se pôr, a noite traz a condição ideal de luz para a instalação.

Roteiro:
NADA MAIS DISSE
Raphael Medeiros
(essa é uma obra de ficção)

TELA PRETA
"São Gonçalo, 20 de agosto de 1990. Uma rua do Coelho acorda ao som de 3 bombinhas. Acontece muita festa junina fora de época."

CENA 01 - interna noite - galpão Nonada
Com a visão da câmera na altura do chão, assistimos duas pernas esticadas que parecem vir de fora do quadro. E como de costume, toda vez que o plano não suporta o assunto a moldura impõe seu limite. E onde se respeita moldura, maquinaria e câmera são só ferramentas. Aqui ela corta esse corpo bem na altura dos joelhos.
"Mesmo atento é difícil enxergar alguns assuntos. Decupagem, roteiro, plano de filmagem e ordem do dia te fazem olhar tanto pra tela, que tu acaba cego."

CENA 02 - externa dia - depósito de bananas
Tela cheia e amarela. Conforme a câmera abre o plano, vemos quilos e mais quilos de bananas. E, bem ali, em meio a bananas, um jovem avista pernas.
"Respondeu que estava trabalhando no depósito de bananas quando escutou barulho de bombinhas, que sua mãe sempre lhe disse para não se meter nessas coisas, que só percebeu o acontecido quando viu as pernas caídas na calçada, que escutou o réu cobrando dinheiro da vítima, e nada mais disse"

CENA 03 - interna noite - galpão Nonada
"operária luz do fetiche
maquinaria e linguagem
fabulação, ficção, ansiedade
minerando mentira vendo miragem
ela é minha marchand
crítica, curadora, galerista"

CENA 04 - externa dia - rua de terra
Em sequência, vemos muitas pernas passando pela câmera, cortes secos entre tremedeiras e planos parados, vemos um par de pernas, ora parado, ora correndo, depois dois, depois um de novo, depois uns vinte, depois um na horizontal.
"Diz que por volta das nove escutou três estampidos, que ao chegar ao bar viu a vítima caída com as pernas para fora do estabelecimento, que o réu havia evadido o local com sua arma em punho apontando para as pessoas e dizendo que aqueles que falassem algo teriam o mesmo destino, e nada mais disse"

CENA 05 - interna noite - galpão Nonada
"Raphael Medeiros diz que é cineasta e artista, que também é um mentiroso, que toda visita de locação é um mergulho estético, que todos na equipe de um filme são atores, que todos os objetos de maquinaria e luz são obras e que todo set é uma performance, que um roteiro ou uma versão processual são semelhantes coletâneas de indícios de muitas realidades já ficcionadas, que tornou-se contador de histórias mesmo não lembrando do barulho das bombinhas, e nada mais disse"

CENA 06 - interna dia - quarto de um neném
Um raio de sol de inverno atinge um móbile com ursinhos pendurados. Contemplando sua neném em silêncio, uma mãe troca fraldas.
"Conta que no dia do fato estava dentro de casa trocando as fraldas de sua neném, quando ouviu estampidos, primeiro pensando que fossem bombinhas, que avistou as pernas para fora do bar, que viu o menor agarrado ao pescoço da vítima, que deu banho no menor para lavar o sangue que estava sobre ele, e nada mais disse"

CENA 07 - externa dia - ônibus
Homem apoia a cabeça na janela do ônibus, e na reverberação dos raios de sol da manhã, a estrada que liga São Gonçalo a Niterói parece um rio por onde seus olhos navegam em total calmaria.
"O réu, cabo reformado da Marinha, diz que a vítima tinha um comércio em um imóvel que era de sua propriedade, que desconhece o fato da vítima ter que pagar uma taxa diária pelo local, que o depoente não estava no local na hora do crime, que já teve um revólver, que após ser reformado do serviço militar estabeleceu-se em São Gonçalo, que soube que a vítima estava com o filho no colo quando foi atingida, e nada mais disse"

CENA 08 - interna noite - galpão Nonada
Através do teatro de sombras estáticas, imagens de repertório pessoal do artista são projetadas em objetos-bastidor que dialogam com mentiras, versões e fabulações que estão para além da moldura do plano. Acompanhamos a dissipação de imagens oníricas, que ficcionam sobre memórias apagadas e jogam luz na própria linguagem cinematográfica.

CENA 09 - interna dia - fábrica de mármore
Muita poeira, textura de mármore e máquinas barulhentas. Uma gota de sangue pega carona no carro do vizinho, e apressados, vizinho e gota, cantam pneu nas curvas. Ao chegarem na fábrica, a gota corre para tocar a campainha, o vizinho então pede para chamar a moça da contabilidade, esse é o desejo da gota, mas, como ela não fala, ficou a cabo dele fazer o comunicado. Ainda trêmulo, o homem entrega a gota para a contadora.
"Diz que era casada com a vítima, que estava no trabalho quando o proprietário do depósito de bananas veio informar a depoente que seu marido havia sofrido um assalto, e nada mais disse"

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Debaixo dessa, outras cidades

Thiago Costa


Nonada ZN • 09/09 a 28/10/2023

Thiago Costa é artista multimídia, interessado na fabulação e especulação da forma no que tange à invenção, historiografia e construção de linguagem, em sua poética, costura linguagens e investiga processos sensoriais a partir da codificação das imagens produzidas em seus trabalhos e observadas por ele em seus trânsitos. Baía da traição, território potiguar, local de […]

Thiago Costa é artista multimídia, interessado na fabulação e especulação da forma no que tange à invenção, historiografia e construção de linguagem, em sua poética, costura linguagens e investiga processos sensoriais a partir da codificação das imagens produzidas em seus trabalhos e observadas por ele em seus trânsitos.

Baía da traição, território potiguar, local de muitos confrontos coloniais, foi a primeira praia que conheci, olhava para aquelas grandes casas, à beira da praia e ainda criança, não entendia o porquê não ficávamos lá no nosso veraneio. Hoje, com o avanço das construções civis, todas essas grandiosas casas foram abandonadas e estão pela metade, em pedaços, a partir de aterros e suas relações invasivas com o mar e sua vida marinha. Esse processo tem acontecido em diversas áreas litorâneas em nossos territórios, a partir de práticas antropocêntricas e contra o meio ambiente, diversos imóveis estão sendo condenados por meio da gentrificação e outras intervenções urbanas. Em um exercício de vingança especulativa, capturo partes internas das casas a partir do ponto de vista do horizonte interno dessas antigas residências de forma que podemos imergir na videoinstalação, habitando a ruína. Um monumento de memória a todas as cidades e soterradas pela falência do progresso.

Premiado no Prêmio Museu é Mundo (2023) no Rumos Itaú (2020), no Prêmio Delmiro Gouveia - Fundação Joaquim Nabuco e Prêmio Negras Narrativas - Amazon Prime. Realizou a exposição individual “Banzo” no Museu Murillo La Greca com Curadoria de Ariana Nuala em Recife - PE (2019). Participou das exposições coletivas ˜Um oceano para lavar as mãos com curadoria de Marcelo Campos e Filipe Graciano - Sesc Quitandinha - Petrópolis, RJ - (2023). Coletivas como “Dos Brasis” - Com curadoria do Igor Simões, Marcelo Campos e Lorraine Mendes - Sesc Belenzinho São Paulo, SP (2023), ̃Direito a forma~Curadoria de Igor Simões e Deri Andrade no Inhotim, Brumadinho - MG (2023), 74 Salão de Abril - Com curadoria de Jonas Van, Galciani Neves e Victor Perlingeiro, Fortaleza, CE (2023). “Carolina Maria de Jesus, um brasil para brasileiros” com curadoria de Hélio Menezes e Raquel Barreto – Instituto Moreira Salles (IMS) – São Paulo, SP (2019) “Raio a Raio” realização do Solar dos Abacaxis no Museu Arte Moderna (MAM) com Curadoria de Ariana Nuala - Rio de Janeiro, Rj (2022), 16° Salão Municipal de Artes Plásticas (SAMAP) - Casarão 34. Publicou o livro “Obé - Poesias y Orikis” e textos em diversas coletâneas e revistas.

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Nós que sustenta na raça

Allan Weber


Nonada ZN • 09/09 a 28/10/2023

Allan Weber é um artista interdisciplinar e multimídia, representado pela Galatea e que também mantém a Galeria 5 Bocas, projeto que fomenta o acesso a arte e cultura na comunidade onde vive, a 5 Bocas, na Zona Norte do Rio. O artista tem um trabalho já estabelecido no campo da fotografia, já tendo inclusive publicado […]

Allan Weber é um artista interdisciplinar e multimídia, representado pela Galatea e que também mantém a Galeria 5 Bocas, projeto que fomenta o acesso a arte e cultura na comunidade onde vive, a 5 Bocas, na Zona Norte do Rio.

O artista tem um trabalho já estabelecido no campo da fotografia, já tendo inclusive publicado na ZUM, importante revista sobre arte e fotografia do Instituto Moreira Salles.
Sua produção em fotografia, instalação, colagem e assemblage foi apresentado pela primeira vez de forma conjunta no estande da Galatea na ArtRio de 2022, em um grande projeto solo.

E agora, em uma parceria entre Galatea e Nonada, Allan Weber será o próximo artista a ocupar o Galpão, espaço na Fabrica onde está a Nonada ZN, destinado exclusivamente a obras e projetos que dialoguem com a estrutura e história do local.

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MUSEUL*RA

Link Museu e Rodrigo Andrade


Nonada ZN • 09/09 a 28/10/2023

MUSEUL*RA, dupla formada por Link Museu e Rodrigo Andrade, é resultado do encontro de dois artistas com trajetórias contrastantes mas que tem em comum uma produção marcada pela constância quase obsessiva em suas pesquisas. O encontro se deu no contexto de ações promovidas pelo Ali:leste, um coletivo de artistas que atua na Cidade Tiradentes desde […]

MUSEUL*RA, dupla formada por Link Museu e Rodrigo Andrade, é resultado do encontro de dois artistas com trajetórias contrastantes mas que tem em comum uma produção marcada pela constância quase obsessiva em suas pesquisas.

O encontro se deu no contexto de ações promovidas pelo Ali:leste, um coletivo de artistas que atua na Cidade Tiradentes desde de 2019. Em uma dessas atividades Rodrigo e Link começaram a pintar os muros da região. Nascia então naquele momento a dupla, que só algum tempo depois se dedicaria a pintura em ateliê.

A materialidade da tinta e referências sobre a história da pintura permeiam o trabalho de Rodrigo Andrade desde a década de 1980. Do outro lado, Link Museu, artista urbano e poeta, há 20 anos vem fixando o emblema MUSEU (criado em 1989) em paredes de construções de todas as regiões da cidade de São Paulo. Link Museu participou da exposição inaugural da Nonada, A palavra: verso, em novembro de 2022.

MUSEUL*RA surge então de dois extensos repertórios ligados à tinta para fazer nascer um novo experimento — artístico, político, afetivo e cultural. Um diálogo que celebra a pintura e documenta seu fazer.

A dupla expôs o resultado da parceria pela primeira vez em 2021, na galeria Millan em São Paulo e em algumas coletivas como a do Olhão em 2022 e atualmente na exposição do leilão em prol do Ali:Leste no @auroras.art.br .

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Mostra NOIX

ABRASAR: Onde queres o ato, sou espírito


Almeida da Silva • Ana Bia Silva • Ana Clara Tito • Bunito • Crislaine Tavares • Felipe Nunes • Gabriel D'ketu • Gilson Plano • Iah Bahia • Ju Morais • Lucas Ururahy • Mariana Rocha • Mayara Velozo • Mayra • Omep • Rainha favelada • Raphael Cruz • Renan Andrade • Rena Machado • Renan Aguenna • Tainan Cabral

Almeida da Silva • Ana Bia Silva • Ana Clara Tito • Bunito • Crislaine Tavares • Felipe Nunes • Gabriel D'ketu • Gilson Plano • Iah Bahia • Ju Morais • Lucas Ururahy • Mariana Rocha • Mayara Velozo • Mayra • Omep • Rainha favelada • Raphael Cruz • Renan Andrade • Rena Machado • Renan Aguenna • Tainan Cabral

Nonada ZN • 09/09 a 28/10/2023

Com as incandescências dos subúrbios cariocas, a NOIX e a Nonada Penha buscam conjurar artistas que possuem pesquisas nem sempre tão observadas pelo circuito quando se trata de um recorte periférico, conduzindo os olhares à geometria, à fluidez e ao hibridismo, aquecendo ainda mais a cena das artes. O querer, o desejo do espectador, aqui […]

Com as incandescências dos subúrbios cariocas, a NOIX e a Nonada Penha buscam conjurar artistas que possuem pesquisas nem sempre tão observadas pelo circuito quando se trata de um recorte periférico, conduzindo os olhares à geometria, à fluidez e ao hibridismo, aquecendo ainda mais a cena das artes. O querer, o desejo do espectador, aqui não é contemplado, mas, antes, é superado. A expectativa serial de se ver imagens idealizadas pela hegemonia social aqui está sendo queimada, e os efeitos são reluzentes.

Os artistas presentes na exposição quebram tais expectativas. As obras pré-imaginadas como poéticas de identidades pretas, ou suburbanas, ou faveladas - ou ainda, resultado dessa equação - não permitem que a agenda colonizante conduza o fogo de suas produções. Assim, dentre outras coisas, este serve para atear fogo na casa grande, fundir pontes de atravessamento entre lugares, acalentar fé e afeto, iluminar caminhos e cauterizar o pensamento.

Curadoria e idealização: Melissa Alves, Equipe NOIX, Omep, Renan Andrade
Produção: Equipe NOIX
Realização: NOIX + NONADA

Expografia: Ariane Pereira, Larissa Monteiro, Lis Fernanda

Design: Felipe Nunes

Apoio: Subprefeitura da Zona Norte

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Nonada não é aqui


Agrippina R. Manhattan • Alan Oju • Anderson Borba • Andre Barion • Andy Villela • Bruno Alves • Carmen Garcia • Castiel Vitorino Brasileiro • Emerson Freire • Fabio Menino • Guto Oca • Iah Bahia • Leoa • Lucas Almeida • Marina Woisky • Marlon Amaro • Marta Supernova • Renan Aguena • Siwaju • Tadáskía • Vika Teixeira

Agrippina R. Manhattan • Alan Oju • Anderson Borba • Andre Barion • Andy Villela • Bruno Alves • Carmen Garcia • Castiel Vitorino Brasileiro • Emerson Freire • Fabio Menino • Guto Oca • Iah Bahia • Leoa • Lucas Almeida • Marina Woisky • Marlon Amaro • Marta Supernova • Renan Aguena • Siwaju • Tadáskía • Vika Teixeira

Nonada SP • 27/03 a 02/04/2023

Nonada não é aqui, um projeto que segue o compromisso da galeria de participar ativamente do mercado cultural brasileiro, mas buscando novas formas de atuação. E na semana da principal feira de arte do Brasil, entendemos que como uma galeria originalmente carioca e muito jovem, mas que tem em seu DNA a presença do não […]

Nonada não é aqui, um projeto que segue o compromisso da galeria de participar ativamente do mercado cultural brasileiro, mas buscando novas formas de atuação. E na semana da principal feira de arte do Brasil, entendemos que como uma galeria originalmente carioca e muito jovem, mas que tem em seu DNA a presença do não lugar para sua existência e pertinência, apresentar de uma forma coerente com nosso pensamento, um projeto paralelo a SP-Arte, seria a melhor maneira de chegar na maior cidade do país.

A Nonada ocupou por 10 dias o térreo do Edifício Maria Magdalena, um marco arquitetônico do centro de São Paulo e que foi recentemente restaurado.

Foi apresentado um projeto curatorial sobre importância da matéria como eixo primário no processo de criação desses jovens artistas, que integram de alguma forma a essência da pesquisa da Nonada.

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